A insurtech vendeu participação minoritária para a 4Equity em troca de exposição em veículos como TVs, rádios e out-of-home
A insurtech Azos acaba de assinar a entrada de um novo sócio, a 4Equity, empresa que tem como modelo a compra de participação minoritária em startups em troca de exposição em veículos de mídia. A gestora é dona de um FIP (Fundo de Investimento em Participações) que permite que players de mídia como TVs, rádios, portais e até influenciadores invistam em startups e ‘paguem’ cedendo espaços publicitários.
Por trás do modelo, estão Felipe Hatab, ex-CMO da Stone, Renato Mendes, ex-líder de comunicação e marketing da Netshoes, e ainda Eduardo Loureiro, com passagem pela Stone, e David Halaban, na consultoria israelense Targo. O fundo foi lançado no fim do ano passado e já captou 200 milhões de reais de um total de 500 milhões autorizados.
A 4Equity tem acordo com 30 veículos de mídia e investiu em duas startups até o momento:
Em cada negócio, a proposta da 4Equity é de fechar aportes com valores entre 5 milhões a 30 milhões de reais. O valor transacionado e a participação adquirida não foram abertos.
“A nossa participação é realmente minoritária e para ajudar onde está doendo. E na maioria das vezes essa dor é muito grande porque fazer marketing no Brasil é caro por essência, é muito difícil, é um mercado concentrado”, diz Felipe Hatab, cofundador da 4Equity.
Qual a estratégia da startup com o acordo
A Azos é a terceira a ser anunciada, mas a primeira a colocar a campanha no ar. As conversas entre as duas startups foram iniciadas nos primeiros meses do ano, e o martelo batido nos últimos dias.
Fundada em 2021, em meio à pandemia, a insurtech chegou ao mercado com a proposta de facilitar o acesso ao complexo e concentrado universo de seguros no país. No serviço, desenvolvido em parceria com a Excelsior Seguros, oferece produtos como seguro de vida, doenças graves, assistência funeral e invalidez total por acidente.
Hoje, tem mais de 15 bilhões de reais em capital segurado, volume que cresceu cerca de 50% desde março passado, quando a startup falou à EXAME para anunciar a mudança de resseguradora, da IRB Brasil para Swiss Re, uma das maiores do mundo. A startup não abre o número de clientes.
Até pelo modelo do negócio, a Azos investiu desde os primeiros dias de vida apenas em comunicação digital, em redes sociais como Instagram, Facebook e YouTube. A entrada no novo sócio permite a ampliação e a abertura da conversa em outros territórios e momentos em que pode encontrar potenciais clientes.
“Por mais que a estratégia tenha funcionado até agora, nós temos crescido em ritmo super acelerado e, conversando internamente, sentimos bastante falta de impactar o cliente em diferentes partes da jornada”, afirma Bernardo Ribeiro, CMO e co-fundador da Azos.
Ex-gerente de marketing do Burger King, ele criou a startup com os amigos Rafael Cló, ex-head de análise de varejo na Kraft Heinz nos Estados Unidos e CEO da startup, e Renato Farias, ex-diretor de operações internacionais da DogHero e COO.
Para a primeira campanha, criada a internamente e liderada por Marília Lacerda, head de marca, a Azos optou por ações de mídia out-of-home. As exposições são em telas e totens no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte e em pontos movimentados na capital mineira – o município, origem da startup, é o principal mercado, seguido pela cidade de São Paulo. Na estratégia, mensagens para conscientizar sobre a importância do seguro de vida e retratar os diferenciais de mercado.
Apesar de o modelo de mídia por participação ser novo no mercado brasileiro, essa não é a primeira vez que a Azos procura potencializar os canais de exposição. No ano passado, a startup anunciou o cantor Thiaguinho e o empresário Marcus Buaiz, parceiros em outros negócios, como novos sócios.
A negociação combinou tanto o desembolso de capital financeiro quanto midiático dos dois. Vez por outra, o artista aparece nas redes sociais da insurtech.
Como a Azos foi fundada
A ideia de criação Azos veio após Rafael Cló sofrer com as burocracias de uma seguradora brasileira da qual era cliente. À época, ele morava nos Estados Unidos e trabalhava na Kraft Heinz. Ao descobrir que as parcelas de uma apólice não estavam sendo pagas porque o seu cartão tinha vencido, precisou lidar com uma sequência de problemas relacionados à:
- quitação de débitos
- dificuldades de acesso ao portal do cliente
- Falhas de comunicação com a empresa
- Política de cancelamento antiquada, com a necessidade de envio de carta escrita de próprio punho
Em meio às dores de cabeça, Cló enxergou a oportunidade de construir algo neste mercado. Com os outros dois sócios, se debruçou sobre o setor de seguros, observando cases de sucesso na indústria americana e os modelos de negócios.
No lançamento da insurtech, a oferta de apólices a partir de R$5,00 valor que se mantém até hoje. Uma estratégia de marketing, mas também uma forma de mostrar um novo movimento no setor, conhecido por trabalhar com valores a partir dos três dígitos.
Qual é o momento do negócio
Desde que entrou no mercado, a startup já recebeu mais de 100 milhões de reais em investimentos, de fundos como Prosus (ex-Naspers Ventures), Kaszek Ventures, Maya Capital e o do Munich Re Ventures, braço de capital de risco da resseguradora Munich Re.
A startup não abre números do negócio. Afirma, no entanto, que registrou expansão quatro vezes em 2022 sobre a receita do ano anterior. Para este ano, trabalha com crescimento de três vezes.
“No começo do ano, quase 50% de toda a massa de clientes e de parceiros que tínhamos era em Belo Horizonte. Hoje, já está mais para perto dos 30%, sendo que Belo Horizonte dobrou de tamanho”, afirma Ribeiro. “Nós continuamos crescendo bastante em Belo Horizonte, só que o crescimento em outras regiões está sendo maior ainda por causa de uma estratégia de expansão geográfica muito forte que colocamos agora”.
A startup abriu escritórios para dar suporte a corretores e escritórios de investimentos em São Paulo e cidades no interior do estado como São José dos Campos e Campinas, e ainda Brasília (DF), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e está entrando em Porto Alegre (RS) e interior de Minas Gerais nos próximos meses.
Apesar de nativa digital, a Azos sentiu a necessidade de estar mais próxima dos agentes de vendas e, daí, a criação dos espaços surge para fomentar e fortalecer os relacionamentos presencialmente. “Esse processo de expansão vem funcionando bastante e é ele que está, de fato, puxando esse crescimento”.