Suyana: insurtech que busca melhorar as capacidades de adaptação às mudanças climáticas com seguros paramétricos e um modelo de distribuição embutida

*Por Hugues Bertin

Essa é mais uma postagem da coluna mensal Insurtech Vip Lounge, exclusiva do Insurtech.com.br. Todo mês Hugues Bertin traz uma nova insurtech da América Latina para nossos leitores conhecerem

Há muito tempo conheço Rodrigo García, CEO e fundador da Suyana, mas em junho tive o prazer de encontrar seu sócio, Fernando Yu, durante o Insurtech Insight New York, o que me motivou a compartilhar com vocês os últimos avanços dessa insurtech.

A Suyana utiliza tecnologias digitais e machine learning, combinados a um modelo de distribuição de seguros embutidos, para tornar os seguros climáticos mais precisos, acessíveis e baratos. Suas soluções oferecem cobertura para tempestades ciclônicas, secas e inundações, atendendo tanto agricultores quanto populações urbanas em toda a América Latina. O nome “Suyana”, que significa “esperança” em quechua, reflete seu objetivo de oferecer soluções para comunidades vulneráveis.

A insurtech nasceu na Bolívia a partir de um projeto para avaliar um seguro paramétrico em zonas rurais. Durante a iniciativa, perceberam que a limitação para cumprir a promessa de proteção e eficiência dos seguros paramétricos estava na necessidade de incorporar tecnologia. Desde então, a ideia evoluiu de um projeto acadêmico para o modelo atual.

A Suyana aposta em seguros embutidos por meio de um modelo B2B2C, facilitando a adoção rápida e em larga escala de suas soluções. Posicionada na vanguarda do setor de seguros climáticos, ela busca solucionar a exposição não segurada de bilhões de dólares em ativos e atividades econômicas no mundo. Atualmente, a empresa conta com dois produtos no mercado e espera gerar cerca de US$ 30 milhões em prêmios até 2025, beneficiando mais de 60 mil usuários.

No modelo de negócios, os seguros estão vinculados a créditos oferecidos por bancos ou outras instituições financeiras. Essa abordagem reduz o custo de aquisição de clientes (CAC), mas exige ciclos de negociação longos, já que é necessário convencer os clientes B2B dos benefícios das soluções.

Entre os principais desafios enfrentados estão:

  1. Disponibilidade e precisão de informações climáticas.
  2. Baixa disposição para pagar por seguros, devido à baixa penetração na região. Isso torna essencial oferecer produtos acessíveis ao poder aquisitivo local.
  3. Pouca conscientização sobre os benefícios de seguros contra desastres naturais.

A Suyana identificou um vasto mercado desatendido, chamado internamente de “A Pança Perdida”, referindo-se à classe média que, apesar de vulnerável a esses riscos, não possui proteção. Esses grupos possuem ativos e fluxos de renda expostos, o que abre espaço para criar um novo mercado.

A estratégia da Suyana é oferecer seguros embutidos de baixo custo com uma estrutura paramétrica. Essa abordagem já demonstrou demanda, mas o desafio é superar as barreiras mencionadas. Entre os produtos lançados estão:

  • Um seguro contra secas para agricultores na Bolívia.
  • Uma solução que compensa pescadores no Peru por perda de renda.
  • Um piloto para compensar rendas perdidas devido a inundações em áreas urbanas do Brasil, previsto para o final do ano.

A expansão da Suyana se apoia em três pilares:

  1. Acesso crescente a dados de satélites, possibilitado pela proliferação de satélites.
  2. Avanços na capacidade de computação, permitindo modelar fenômenos climáticos com machine learning.
  3. Digitalização da indústria de seguros, facilitando a distribuição eficiente por plataformas digitais.

Nos últimos anos, surgiram diversas insurtechs bem-sucedidas nesse segmento, muitas das quais colaboram com a Suyana.

As inundações, por exemplo, são um dos riscos mais prevalentes e difíceis de segurar, devido à falta de informações históricas e ao impacto local. Para lidar com isso, a Suyana desenvolveu um produto que utiliza dados de radares e satélites para monitorar áreas com alta resolução espacial, permitindo compensações rápidas por perdas de renda causadas por inundações.

Além disso, a Suyana busca diversificar sua exposição ao risco, criando novos mercados. Exemplos incluem seguros para trabalhadores informais no Peru e produtores de arroz no Brasil, aproveitando a baixa penetração de seguros na região e a crescente demanda por instrumentos como os Insurance Linked Securities.

A empresa também se orgulha de ter recebido apoio do BID Labs e da Incofin para desenvolver tecnologias que combinam modelos climáticos e dados de satélites, criando um sistema de alerta precoce e seguros paramétricos mais acessíveis. O projeto, desenvolvido em parceria com a UNICEF, tem o potencial de causar um grande impacto social ao beneficiar comunidades vulneráveis com proteção climática mais acessível e eficiente.

SOBRE O AUTOR:

Hugues Bertin é CEO da Digital Insurance LatAm, uma empresa de consultoria especializada em estratégias de inovação e insurtech, e também é sócio do fundo de investimentos HCS Capital. Como palestrante internacional, ele foi escolhido como o principal influenciador em insurtech e inovação em seguros pelo The Latam Insurtech e Lightico em suas classificações globais. Seu objetivo é impulsionar o setor de seguros para frente no mundo que está por vir.

Ele é co-fundador e diretor sem fins lucrativos da Insurtechile e da AIC (Associação Insurtech da Colômbia). Ele também é Diretor Executivo do CDI+Latam, a certificação de referência em seguros digitais para a América Latina. Além disso, ele co-organiza o Fórum Insurtech Latam, o maior evento da América Latina, e atua no Conselho Consultivo do InsurtechConnect, o maior evento de insurtech do mundo.

Hugues é atuário pelo Instituto de Estatística de Paris (França) e possui um Executive MBA pelo IAE (Argentina). Ele ocupou vários cargos executivos na BNPP Cardif, Mercer e PwC por mais de 20 anos na indústria de seguros, abrangendo dois continentes: Europa e América Latina. Ele liderou ou aconselhou jogadores da indústria de seguros em projetos de transformação digital e inovação.

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