Como os dados ESG estão reformulando a subscrição de seguros

PwC, Capgemini, KYND e Novidea explicam como os dados ESG estão transformando a subscrição de seguros, influenciando a avaliação de riscos, a conformidade e a segurança cibernética

As considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) não são mais apenas um chavão corporativo — elas agora estão no centro da forma como as seguradoras avaliam os riscos, geram lucratividade e desenvolvem novos produtos.

Antes uma reflexão tardia, os dados de ESG tornaram-se fundamentais para as decisões de subscrição, remodelando a forma como as seguradoras operam num mercado cada vez mais voltado para a sustentabilidade.

Essa mudança ocorre à medida que aumenta a pressão das partes interessadas — investidores, órgãos reguladores e clientes — exigindo maior responsabilidade e transparência.

As seguradoras estão respondendo com a incorporação do ESG em seus modelos de risco, especialmente no setor de Propriedade e Acidentes (P&C). Aqui, os dados de ESG ajudam a avaliar a sustentabilidade das propriedades e a avaliar os riscos associados com maior precisão.

Paul Richmond, líder de sucesso do cliente da Novidea no Reino Unido, destaca o papel do mercado londrino no apoio a produtos de seguro inovadores e focados em ESG.

“O mercado de Londres, conhecido por cobrir todos os tipos de riscos, desempenha um papel fundamental no apoio a produtos inovadores que abordam os riscos relacionados a ESG”, diz ele.

Richmond acredita que é essencial melhorar o acesso a dados de ESG de qualidade. “Para aumentar sua conscientização sobre os riscos de sustentabilidade e suas implicações financeiras, especialmente no contexto de modelos de longo prazo, é essencial melhorar o acesso aos dados e garantir que eles sejam facilmente consumíveis.”

Uma pesquisa da PwC reforça a crescente influência do ESG, revelando que 85% das seguradoras globais agora reconhecem seu impacto nas operações.

Essa influência se estende às decisões de investimento, ao gerenciamento de riscos, às auditorias internas e às estratégias de subscrição — áreas que estão passando por uma transformação significativa à medida que o ESG é incorporado à estrutura de seguros.

O papel cada vez maior do ESG na subscrição cibernética

Embora o papel do ESG nos setores tradicionais de seguros seja claro, seu impacto também está crescendo em áreas menos convencionais, como a subscrição cibernética. Como as empresas enfrentam ameaças digitais crescentes, as seguradoras estão usando dados de ESG para avaliar a exposição ao risco cibernético de forma mais eficaz.

Melanie Hayes, COO e cofundadora da KYND, explica como o ESG está reformulando a avaliação de riscos nesse campo em rápida evolução.

“Os dados de ESG estão moldando cada vez mais o futuro dos seguros, especialmente na subscrição cibernética, redefinindo a forma como as seguradoras avaliam e precificam os riscos”, diz ela.

Hayes ressalta que os insights de ESG vão além das métricas de risco tradicionais. “Além das métricas tradicionais, os insights de ESG revelam vulnerabilidades sistêmicas — como estruturas de governança fracas ou práticas digitais insustentáveis — que, no atual ambiente corporativo que prioriza o digital, elevam a exposição ao risco cibernético.”

Ao incorporar fatores ESG, as seguradoras adotam uma abordagem mais abrangente do risco cibernético.

Isso envolve a avaliação de estruturas de governança, práticas digitais éticas e até mesmo sustentabilidade ambiental, oferecendo uma visão mais holística das possíveis exposições.

Não se trata mais apenas de identificar pontos fracos técnicos; trata-se de compreender o contexto organizacional mais amplo que contribui para o risco cibernético.

Desafios da integração de dados de ESG na subscrição

Apesar de seu potencial, a integração dos dados de ESG na subscrição tem seus obstáculos. Um relatório da Capgemini revela que menos da metade das seguradoras de P/C incorporou totalmente os dados de ESG em seus processos.

Os principais desafios? Fragmentação de dados, métricas inconsistentes e tecnologia ultrapassada.

Hayes destaca um dos maiores obstáculos: “O primeiro e principal desafio na integração dos dados de ESG na subscrição cibernética é a fragmentação e a inconsistência dos dados de ESG, que carecem de métricas padronizadas, o que complica comparações significativas entre as organizações.”

Essa inconsistência dificulta para as seguradoras a comparação de dados entre empresas e setores, limitando a eficácia dos modelos de risco orientados por ESG.

Além disso, muitas seguradoras ainda dependem de sistemas legados que simplesmente não estão equipados para lidar com a complexidade dos dados de ESG.

Richmond ressalta o problema da infraestrutura desatualizada: “Sem plataformas unificadas, os dados correm o risco de permanecer em silos, espelhando sistemas ineficientes de planilhas offline e programações de resseguro processadas manualmente.”

A solução está no investimento. Para aproveitar totalmente o potencial do ESG, as seguradoras precisam investir em tecnologias modernas que permitam uma integração perfeita dos dados.

Isso inclui plataformas que possam consolidar dados de diversas fontes, aplicar análises avançadas e dar suporte à modelagem dinâmica de riscos.

Somente com a superação dessas barreiras técnicas e estruturais é que as seguradoras poderão capitalizar os benefícios do ESG no aprimoramento da avaliação de riscos e na promoção da sustentabilidade de longo prazo.

O futuro do ESG em seguros

Olhando para o futuro, os dados de ESG devem se tornar parte integrante das estratégias de subscrição. Os órgãos reguladores estão reforçando as exigências de divulgação de ESG, e os investidores estão priorizando cada vez mais as práticas sustentáveis.

As seguradoras que não se adaptarem correm o risco de ficar para trás tanto em termos de relevância no mercado quanto de desempenho financeiro.

Entretanto, aquelas que integrarem com sucesso os insights de ESG ganharão uma vantagem competitiva.

Elas estarão mais bem posicionadas para melhorar a avaliação de riscos, atrair investidores com foco em sustentabilidade e atender às expectativas em evolução dos clientes que buscam soluções preparadas para o futuro.

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