Em outubro de 2021, em meio ao boom do venture capital, a Justos levantou uma das maiores Séries A da América Latina, colocando R$ 200 milhões no caixa.
Um ano e meio depois, a insurtech de seguros auto está levantando mais US$ 5,5 milhões (R$ 32 milhões no câmbio de hoje) numa captação liderada por uma grande resseguradora, que colocou mais de 90% do total mas prefere se manter no anonimato.
Os US$ 500 mil restantes vieram da MSR Capital, uma gestora de Israel.
Dhaval Chadha, o CEO e cofundador da Justos, disse ao Brazil Journal que a nova rodada é uma espécie de bridge, e que o valuation será definido com base na próxima captação da startup.
A rodada foi feita agora porque a resseguradora havia ganhado uma opção de compra na época da Série A da Justos — da qual ela não conseguiu participar por falta de espaço — e decidiu exercer a call agora.
Com os R$ 30 milhões que estão entrando, a Justos vai estender seu runway para mais de 30 meses. Segundo Dhaval, a startup não pretende chegar ao breakeven antes do final desse prazo. A ideia é continuar investindo em crescimento para captar uma Série B parruda — de preferência sem um downround (uma rodada com valuation inferior à rodada anterior).
A Justos diz que seu diferencial é oferecer um seguro auto com uma precificação mais amigável ao motorista. A startup usa machine learning para criar modelos que consigam prever a sinistralidade e, com isso, cobra um valor individualizado para cada motorista.
A startup vende seus seguros com pagamento mensal. De acordo com a forma como o motorista dirigiu durante o mês, ele pode ganhar um desconto na mensalidade seguinte.
Desde que começou a operar, em janeiro de 2022, a Justos conquistou “milhares de clientes” e sua sinistralidade está um pouco acima da média dos 10 melhores incumbentes, em parte porque o prêmio da startup é mais competitivo, em parte “porque ainda estamos aprendendo,” disse Dhaval.
Além disso, a precificação assertiva depende da modelagem de machine learning, que precisa ser treinada com sinistros reais. “Como tivemos poucos sinistros por enquanto, demora para treinarmos bem os modelos,” disse o fundador.
Ele admite que a Justos está com um crescimento menor do que o previsto quando fez a Série A — até porque as expectativas eram altas para justificar o valuation da época. “Estamos com um crescimento menor mas muito mais saudável do que tínhamos projetado, e com um runway bem confortável,” disse ele.
Em agosto passado, a Justos também conseguiu uma licença de seguradora dentro do sandbox da Susep. Por enquanto, no entanto, ela continua operando no modelo de Managing General Agent (ou MGA, em que uma seguradora parceira fornece o balanço) para boa parte de sua carteira. Segundo Dhaval, menos de 10% dos seguros emitidos pela Justos estão sendo feitos com o balanço próprio. “Estamos testando primeiro,” disse ele. “O sandbox também tem várias limitações, em relação ao valor do carro e algumas coberturas, por exemplo.”
