Insurtech Split quer deixar ‘sandbox’ e obter licença definitiva

Com faturamento mais de seis vezes maior desde que começou a operar, próximo passo é buscar investidores, diz um dos fundadores

Matéria redigida por Juliana Schincariol, do Valor Econômico

A Split Risk, insurtech selecionada para participar da primeira turma do programa da Superintendência de Seguros Privados (Susep) que cria um ambiente experimental no setor (“sandbox”), solicitou ao regulador uma licença definitiva para operar como seguradora independente. Com um faturamento mais de seis vezes maior desde que começou as operações, o próximo passo é procurar investidores, segundo Pedro Pires, um dos fundadores da empresa com sede em Uberlândia (MG).

Em duas edições do sandbox, a autoridade do mercado de seguros selecionou 32 projetos, que terão até três anos para atuar com menor custo regulatório e flexibilidade para inovar. Duas participantes do sandbox obtiveram a licença definitiva: Pier e Darwin. A Iza pretende seguir o mesmo caminho, assim como a Split.

Com foco no seguro de automóveis, a empresa foge do modelo das seguradoras tradicionais, que se baseiam no perfil dos proprietários dos carros, com dados como gênero, idade e local de moradia. “Consideramos que a sociedade cada vez mais compartilha seus bens, como locação ou empréstimo”, diz Pires. Na Split, são considerados a indústria que fornece as peças dos carros, a região geográfica e se o veículo é utilizado para fins comerciais ou para uso da família.

O público-alvo são pessoas que nunca contrataram um seguro auto. “De todas as apólices emitidas pela Split no ano passado, 70% foram o primeiro seguro dos consumidores. A maioria das companhias tradicionais não está disposta a fazer o primeiro risco”, afirma o empreendedor.

Para atingir esse público, a estratégia é atacar os gargalos identificados pela insurtech. Segundo o executivo, 80% da distribuição é focada nos corretores de seguros, além de parceiros como varejistas, fintechs e aplicativos de mobilidade urbana. E há espaço, na visão de Pires, para ações mais agressivas. Em locais de revenda de carros seminovos, por exemplo, não há corretores de seguros, apenas nas concessionárias, aponta.

“Tivemos, em 2023, mais de 20 mil apólices emitidas. Somos os responsáveis por mais de 40% do faturamento das edições 1 e 2 do sandbox. Ainda é um número baixo, comparado ao seguro tradicional”, diz Pires. A taxa de sinistralidade da Split é em torno de 40% e as apólices custam a partir de R$ 80 mensais.

Os primeiros testes do produto começaram no primeiro semestre de 2023, e o faturamento passou de R$ 1,5 milhão para R$ 10 milhões até o início de 2024. “Nossa expectativa é bater R$ 100 milhões. É ousado, mas realista dentro do mercado que mapeamos”, afirma Pires. A expectativa agora é iniciar conversas com investidores que preservem a estratégia da insurtech.

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