Matéria do Sérgio Tuhata, do Valor Econômico
A cifra significa um crescimento adicional de quase duas vezes o tamanho do mercado da região hoje, que gerou US$ 175 bilhões em receitas no ano passado
O setor de seguros na América Latina exibe um potencial de aumento em novos prêmios de US$ 300 bilhões nos próximos anos, afirmou o fundador e CEO da HCS Capital, Alex Horvitz, durante o InsurTech Connect (ITC). A cifra significa um crescimento adicional de quase duas vezes o tamanho do mercado da região hoje, que gerou US$ 175 bilhões em receitas
O gestor apontou oportunidades de ampliação, principalmente, em mercados como saúde, residencial e auto. “O desenvolvimento de novas tecnologias vai permitir ampliar a base de segurados, com inclusão de pessoas que não tinham acesso aos produtos”, afirmou.
Segundo o fundador da firma de venture capital americana, as insurtechs e as inovações podem destravar o potencial. “O uso de dados e de ferramentas como a inteligência artificial generativa vai permitir alcançar um público que está fora do radar do setor atualmente.”
De acordo com a consultoria McKinsey, os US$ 175 bilhões em arrecadação obtidos pelo setor de seguros na América Latina representam apenas 2% do PIB da região. Em 2022, relatório da consultoria divulgado no ITC aponta para a geração de um lucro líquido agregado de US$ 10 bilhões.
Conforme o sócio da McKinsey, Salomon Spak, apesar da baixa penetração de seguros na América Latina, as empresas da região estão entre as mais lucrativas do mundo. “Existem ainda algumas questões a serem resolvidas, como o peso ainda grande de resultados financeiros em relação aos operacionais, mas as companhias apresentam altos retornos”, disse.
A pesquisa da consultoria indica que na métrica de retorno sobre patrimônio líquido (ROE) agregado, as seguradoras latino-americanas apresentaram uma taxa de 16,6% no ano passado. Em comparação, a média mundial alcança 8,8%.
O Brasil representa 40,6% das receitas da região, com US$ 71 bilhões em prêmios arrecadados no ano passado. Em segundo lugar está o México, com US$ 35 bilhões, seguido da Argentina, que faturou US$ 15 bilhões em 2022.
Na métrica de tamanho do mercado em relação ao PIB, a região ainda fica muito atrás de outras áreas globais. As receitas do setor representam 3,1% do produto interno bruto da América Latina. Nos EUA, a indústria de seguros alcança 10,5% do PIB. Europa e Ásia apresentam taxas de 6,2% e 5,1%, respectivamente.
De acordo com a McKinsey, as companhias locais dominam os mercados da região. Na média da América Latina, as empresas nacionais representam 65% do faturamento agregado. No Brasil, esse percentual é ainda maior, de 74%.