Considerando o acumulado do ano, foram aportados US$ 2,6 bilhões em 282 rodadas, segundo relatório mensal da plataforma de inovação Distrito
Refletindo o cenário econômico global de inflação e alta de juros, o ecossistema de inovação brasileiro sofreu uma retração no mês passado: as startups brasileiras captaram US$ 298,5 milhões ao longo de 40 rodadas, enquanto em maio de 2021 o total aportado foi de US$ 772,6 milhões, em 74 rounds. Os números fazem parte da mais recente edição do relatório Inside Venture Capital, produzido pela plataforma de inovação Distrito.
Considerando o acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, o montante investido foi de US$ 2,6 bilhões em 282 rodadas – em 2021, nessa época do ano, o mercado somava US$ 3,2 bilhões em 349 deals. Gustavo Gierun, CEO do Distrito, explica que as startups do País estão sentindo rapidamente os efeitos do desafiador cenário macroeconômico. “As empresas de tecnologia listadas em bolsa sofreram uma correção de preço brutal nos últimos 60 dias, o que impactou diretamente o apetite dos investidores no mercado privado. Para os investidores, o momento é de cuidado. Para os empreendedores, o momento é de ajustar a operação para não ser refém de novas captações”, afirma.
Na visão dele, porém, não haverá uma ruptura no mercado. “Depois de um ano com um volume espetacular de investimentos, estamos vivendo um período de ajuste, por prazo indeterminado, decorrente das condições de mercado”, diz. “Historicamente, grandes empresas de tecnologia foram criadas em ciclos de aperto econômico. O crivo será maior, mas bons empreendedores ainda terão muitas oportunidades”.
A maior captação de maio foi a da fintech Dock, que oferece tecnologia no segmento de meios de pagamento e banking as a service. Após receber um aporte de US$ 110 milhões, a empresa atingiu avaliação de mercado de US$ 1,5 bilhão, tornando-se assim o mais novo “unicórnio” brasileiro. Outro destaque do mês foi a startup Nomad, que captou US$ 32,1 milhões – a fintech permite que brasileiros tenham contas bancárias nos EUA.
Seguindo a tradição dos últimos anos, as fintechs estão liderando os investimentos nos primeiros cinco meses de 2022 – as startups de serviços financeiros somam US$ 1,3 bilhão em aportes, o que corresponde a uma fatia de 51,3% do total investido no ecossistema. O segundo setor com mais investimento é o de retailtech (varejo), com US$ 281,4 milhões, seguido pelo de HRTech (recursos humanos), com US$ 219,2 milhões.
Quanto a M&As, a pesquisa contabilizou 16 transações em maio, elevando o total de 2022 para 103 acordos. Nos primeiros cinco meses de 2021, foram registrados 97 acordos – em maio, especificamente, também foram 16.